Melhores de 2013: Inovação

Melhores de 2013 Re: GamesEste artigo faz parte da série Melhores de 2013, com os games lançados este ano que este humilde blog considera que devem ser jogados por quem puder. Este ano, o blog volta a dividir os jogos em categorias, por pura falta de tempo de fazer resenhas para uma grande quantidade de jogos. Consulte a página Melhores de 2013 – Lista de categorias para ver as outras categorias já publicadas e o artigo Teaser: Melhores do ano? Toma 50 para começar para considerações gerais e uma pré-lista com 50 jogos de 2013.

Inovação é algo difícil de se medir, e às vezes complicado de se louvar. O que parece novo pode apenas ser algo que você não tinha experimentado ainda, e com certa frequência, a tentativa de inovar pode soar forçada ou acabar comprometendo mecânicas e conceitos que sempre funcionaram bem em um determinado gênero de jogo. Achar um ponto de equilíbrio – ou melhor ainda, chegar à inovação naturalmente ao tentar melhorar o design do que já existe – é algo que poucos jogos realmente conseguem fazer; deixar o resultado final todo redondinho, então, não se vê todo ano. 2013 não foi diferente: a maioria dos jogos que tentaram inovar, incluindo muitos da lista abaixo, pecou em um ponto ou outro no processo. O “fio de corte” aqui foi o saldo positivo; os “indicados” ainda são plenamente jogáveis e divertidos, além de bastante inusitados. 

Foul Play (PC/XBLA [X360]), porém, é um caso à parte: o que atrapalha um pouco o jogo é o que ele tem de convencional. Suas inovações, como substituir a barra de vida por um medidor de performance e incentivar combos os mais longos possíveis para agradar a platéia, foram muito bem implementadas, mas o jogo acaba sendo um pouco repetitivo, como todo beat’em up. Já Metal Gear Rising: Revengeance (PC/PS3/X360) se diferenciou bastante de outros jogos de ação “técnicos” graças à mecânica zandatsu (corte tudo em câmera lenta), à forma principal de recuperação de energia (remova núcleos dos adversários expostos com zandatsu) e à ênfase em aparar golpes como defesa (nada de bloqueio ou esquiva)… Mas a implementação não foi 100% funcional, em grande parte graças à câmeraThe Stanley Parable (PC) tem a jogabilidade mais simples do mundo – você apenas anda, se abaixa e aperta um botão para interagir – mas é absurdamente inusitado em conceito e estrutura narrativa, com direito a coisas que só acontecem se você reiniciar o jogo no meio a partir do menu, por exemplo. Divekick (PC/PSN [PS3/Vita]) também parece ter jogabilidade simples – são só dois botões, “dive” e “kick” – mas acaba apresentando várias possibilidades, e inova ao reduzir o jogo de luta tradicional à sua essência maior: a capacidade de “ler” o adversário e reagir de acordo. Tearaway (Vita) apresentou um inusitado e cativante mundo de papel em que você, o jogador, é uma espécie de Deus, interagindo diretamente com o mundo via touchpads e câmeras do Vita… Mas para não complicar demais nem “quebrar” a ilusão, a Media Molecule entregou um jogo meio banal em termos de jogabilidade básica e puzzles.

Tela de Divekick (PC/PSN [PS3/Vita])
Em Divekick, Sensei dá voadora até com as mãos
A coisa melhora com DmC – Devil May Cry (PC/PS3/X360), um exemplo de como chegar ao próximo patamar evolutivo de um gênero refinando o que já existe. Além da absurda criatividade visual do jogo, o sistema de controle e troca de armas/habilidades deveria servir de inspiração para todo título de ação a partir de agora, e DmC não perdeu nada em funcionalidade por causa disso – pelo contrário, só ganhou. Guacamelee! (PC/PSN [PS3/Vita]) é um caso semelhante. Os fundamentos do subgênero “Metroidvania” estão lá, mas o jogo inovou principalmente na temática e nos golpes de lucha libre com função tripla: enriquecer o combate, “abrir” partes do mapa e permitir desafios de plataforma diferentes do padrão, ainda mais quando combinados com a mecânica de troca de dimensões. Rayman Legends (PC/PS3/PS4/Vita/WiiU/X360/X1) poderia ser apenas mais Rayman Origins que todo mundo ficaria feliz… Mas entre as fases autorunner de interação com o cenário via tela de toque e giroscópio, o minigame Kung Foot e as fases musicais, o novo jogo do mascote da Ubisoft foi longe. Nessa mesma linha, há Super Mario 3D World (Wii U): bastava ser um pouco mais desafiador que Super Mario 3D Land que estaria tudo bem, mas a roupa de gato, o power-up de clonagem do Mario, a interação via GamePad, as fases com dinâmicas distintas (como as do Captain Toad, que sequer pula) e a integração do Miiverse e de “fantasmas” de outros jogadores abalaram uma familiaridade de anos com o bigodudo da Nintendo.

O jogo que leva esta categoria, entretanto, chega a dar um nó na cabeça no início, de tão diferente que é… Mas quando você se acostuma, percebe que se trata de um dos jogos de ação mais exigentes, em termos de técnica e habilidade, já feitos nos últimos anos. E esse jogo é…

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Melhores de 2013: Multiplataforma

Melhores de 2013 Re: GamesEste artigo faz parte da série Melhores de 2013, com os games lançados este ano que este humilde blog considera que devem ser jogados por quem puder. Este ano, o blog volta a dividir os jogos em categorias, por pura falta de tempo de fazer resenhas para uma grande quantidade de jogos. Consulte a página Melhores de 2013 – Lista de categorias para ver as outras categorias já publicadas e o artigo Teaser: Melhores do ano? Toma 50 para começar para considerações gerais e uma pré-lista com 50 jogos de 2013.

Na prática, esta categoria é uma prévia da escolha dos Melhores do Ano no geral, ainda mais considerando que exclusivos de console estão cada vez mais restritos aos jogos first-party (aqueles feitos por estúdios da própria fabricante do aparelho). A diferença em 2013 é que, por conta da lentidão da Nintendo e o descaso da Microsoft, a grande maioria dos indies ou permaneceu exclusivo de PC ou saiu para os consoles da Sony apenas; por conta disso, esta lista é praticamente toda composta por jogos de grandes produtoras – e olha que separei vinte jogos dessa vez. Mas paciência: jogos indies levaram as categorias Horror, Puzzle/ExploraçãoDistribuição Digital e PC, e um raro indie que não saiu na PSN até levou Melhor Exclusivo de Xbox 360

Mas voltando ao que interessa, vamos ao “Top 20” dos jogos multiplataforma de 2013, em blocos de 5 jogos e ordem crescente. Comecemos com Crysis 3 (PC/PS3/X360), que não foi nenhuma revolução… Mas é um primor técnico, achou um ótimo meio-termo entre os dois primeiros jogos da série e foi lembrado na categoria Melhor Jogo de TiroThe Bureau: XCOM Declassified (PC/PS3/X360) chegou a sofrer com parte da crítica, mas na verdade foi pelo que teve de ousado: buscar um ponto de equilíbrio entre jogo de tiro em 3ª pessoa e de estratégia (!), cujo resultado final só não foi melhor por causa da IA. Far Cry 3: Blood Dragon (PC/PSN [PS3]/XBLA [X360]) foi uma sátira aos anos 80 sem paralelos, diversão pura nonsense do começo ao fim, e também lembrado na categoria Jogo de TiroNeed for Speed: Rivals (PC/PS3/X360/PS4/X1) levou como Melhor Jogo de Corrida e talvez seja o Need for Speed mais inovador e desenfreado dessa geração. Por fim, Battlefield 4 (PC/PS3/X360/PS4/X1) manteve o que estava certo, trouxe de volta o nível de destruição de cenários da série spin-off Bad Company, e só não galgou mais esta lista pelos constantes bugs e problemas (alguns ainda não resolvidos até agora).

Chefe em Metal Gear Rising (PC/PS3/X360)
Metal Gear Rising, o jogo das facas Ginsu

Injustice: Gods Among Us (And/iOS/PC/PS3/PS4/Vita/WiiU/X360) provou que o Mortal Kombat de 2011 não foi obra do acaso e levou a categoria Melhor Jogo de Luta/Beat’em UpLego Marvel Super Heroes (3DS/DS/PC/PS3/PS4/Vita/WiiU/X360/X1) prova que é possível sim uma série ter jogos todo ano (no caso, mais de um!) e continuar refinando a jogabilidade e acertando no humor. Anarchy Reigns (PS3/X360) não teve destaque especial porque não se encaixa facilmente em nenhuma categoria (é beat’em up? Ação/Aventura? Luta?), mas é um jogo da Platinum; precisa mais? Muito bem, leia a resenha que publiquei. Payday 2 (PC/PS3/X360) elevou o antecessor, que já tinha um conceito único, à enésima potência e levou a categoria Melhor Jogo de Tiro. Por fim, olha a Platinum aí de novo, zenteMetal Gear Rising: Revengeance (PC/PS3/X360), lembrado na categoria Melhor Jogo de Ação/Aventura e cortando tudo que veio pela frente – leia a resenha dele aqui no blog.

E vamos nessa! Brothers: A Tale of Two Sons (PC/PSN [PS3]/XBLA [X360]) é um dos dois únicos jogos indies nessa lista, e chegou perto de levar três categorias: Puzzle/Exploração, Distribuição Digital e Exclusivo de Xbox 360 (essa por ter sido exclusivo por apenas um mês – ah, Microsoft…). Saints Row IV (PC/PS3/X360) foi lembrado na categoria Ação/Aventura, e embora não seja excepcional em nenhum aspecto específico, é redondo e divertido em tudo o que faz, inesquecível em seu escracho e liberdade de ação. Bioshock Infinite (PC/PS3/X360) até agora só apareceu na categoria Melhor Jogo de Tiro, mas calma que ainda tem chão pela frente nos Melhores do Ano… Assassin’s Creed IV: Black Flag (PC/PS3/PS4/WiiU/X360/X1) foi lembrado na categoria Ação/Aventura e demonstrou que a série ainda tem futuro, nem que seja como desculpa para revisitar períodos históricos com um gameplay de mundo aberto fluido. E nessa mesma categoria tivemos Tomb Raider (PC/PS3/PS4/X360/X1), a culminação de um trabalho de anos da Crystal Dynamics para revitalizar a franquia (desde Tomb Raider: Legends), mas que ainda surpreendeu muita gente pela sua finesse de design.

Chegando ao topo, temos Grand Theft Auto V (PS3/X360), mais um lembrado na categoria Ação/Aventura e que dispensa apresentações… E que por lógica não deveria estar funcionando nos consoles atuais sem uma fileira interminável de bugs. Além de todas as possibilidades que apresenta, ainda é uma maravilha técnica, junto com The Last of UsTom Clancy’s Splinter Cell: Blacklist (PC/PS3/WiiU/X360) é mais um jogo que “veio” da categoria Ação/Aventura e que saiu muito melhor do que a encomenda – eu já gostei do anterior, Conviction, mas se Blacklist fosse um disco, seria uma coletânea Best Of daquelas perfeitas, que capturam perfeitamente toda a obra do “artista” (ou série de jogos, no caso). DmC – Devil May Cry (PC/PS3/X360) não só apareceu como levou a categoria Ação/Aventura, e essa não será a última vez que escreverei sobre ele… Assim como Bit.Trip Presents… Runner 2: Future Legend of Rhythm Alien (iOS/PC/PSN [PS3/Vita]/eShop [Wii U]/XBLA [X360]), que chegou perto de levar como Melhor Jogo de Plataforma e Distribuição Digital, e ainda vai dar as caras correndo por aqui.

Ufa. Se você leu todas as categorias até agora e notou que vários vencedores de categorias anteriores já foram citados, pode ter percebido que só está faltando um jogo vencedor de categoria anterior que é multiplataforma. E ele é…

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Retrospectiva 2011: Passado, presente e futuro dos jogos japoneses

Botão BackNos meses de dezembro de 2011 e janeiro de 2012, vou aproveitar o tempo livre para escrever uma série de artigos sobre diversas tendências que enxerguei na indústria de games em 2011. Seja nas particularidades dos lançamentos, da imprensa ou da reação do público, pretendo dar uma geral no que aconteceu no ano além de simplesmente listar tudo o que saiu e quais foram os melhores jogos (isso vem depois).

Bandeira do Japão - proporçõesNos últimos anos, especialmente após a transição para os consoles de jogos em alta definição (PS3 e Xbox 360), tornou-se um lugar comum dizer que a indústria japonesa de games perdeu espaço no mercado mundial. De fato, os desenvolvedores locais tiveram muitos problemas para assimilar os novos parâmetros técnicos e visuais que se espera de um jogo de alto padrão hoje em dia, e ainda por cima os desenvolvedores ocidentais aprenderam a fazer games extensos e com mundos virtuais “abertos”, cheios de possibilidades, que são o exato oposto da tendência japonesa de valorizar um bom drama linear (“bom drama” no sentido de “bem dramático”, não necessariamente de “bom roteiro”). Além disso, o mercado ocidental se afastou ainda mais do japonês ao desenvolver duas facetas que só agora estão começando a interessar, e aos poucos, o público nipônico: multijogador online (local via PSP é outra história) e tiro em 1ª pessoa.

Deslize a jato em VanquishPorém, é da natureza humana demorar para perceber mudanças. Assim como os próprios desenvolvedores japoneses demoraram um pouco para assimilar as diferenças de expectativa do público ocidental nesta geração, muitos gamers e analistas ainda não perceberam que as sementes da próxima leva de designers criativos japoneses já estão plantadas há algum tempo. Por exemplo, pelo menos dois jogos japoneses do ano passado se infiltraram em listas de melhores do ano: Bayonetta, que revitaliza um gênero clássico japonês, o beat’em up, de uma maneira que nenhum desenvolvedor ocidental foi capaz; e Vanquish, que fez o mesmo com um gênero tipicamente ocidental, o jogo de tiro em 3ª pessoa com cobertura. É claro que, aos olhos ocidentais, esses jogos ainda eram claramente nipônicos, e talvez por isso mesmo não tenham vendido tanto quanto mereciam… Mas o importante é que eles representaram um sopro de criatividade essencial e mostraram que os desenvolvedores japoneses estão aprendendo, sim, a lidar com HD, com o poder de processamento dos consoles atuais (Vanquish em especial é acachapante em termos de direção de arte e efeitos visuais), e com outros gêneros além de RPGs por turno com encontros aleatórios.

E se a semente estava plantada em 2010, ela germinou em 2011, pelo menos em parte. Além de jogos novos de altíssima qualidade vindos do Japão, ainda tivemos relançamentos de clássicos nipônicos da geração passada em HD – alguns que passaram batidos por muita gente e hoje figuram como inspiração para qualquer designer de games sério, em qualquer lugar do mundo. E entre o passado refeito e o presente promissor, dá para arriscar dizer que na próxima geração, provavelmente, os japoneses não apenas vão dar uma largada melhor, como podem ser os principais responsáveis pelas maiores inovações formais em design, senão em termos técnicos. Até porque mesmo em 2011 isso quase foi uma verdade. Senão, vejamos:
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