Manual do Gamer Cool #6: Todo dia é dia de indie

Desenvolvedor de jogos indieNa lição anterior deste manual, você aprendeu que para ser um verdadeiro trú gueimer, precisa demonstrar que sabe mais sobre uma franquia de jogos do que seus próprios criadores, e que deve sempre se “indignar” com qualquer novo título blockbuster que ousar mudar uma coisinha sequer na fórmula (e se não mudar nada, tem que malhar também, mas isso é assunto para outra lição). Porém, não dá para fazer críticas como essa sem ter parâmetros de comparação. Como tudo que há de errado no setor acontece purqueasempresasohpensaemdinheiromano – e aí vai mais uma lição para outro dia: as publishers têm mais é que lançar jogo de graça para os verdadeiros trú gueimeres – você tem que idolatrar qualquer um que faça jogos por conta própria, qualquer um que seja um desenvolvedor indie. O quê? Não, porra, não é “índio”! É indie, de “independente”, caramba! E vai decorando o termo, porque a partir de agora você precisará usá-lo bastante se quiser impressionar os seus amiguinhos de jogatina de porão.

Lição #5: Seja o Sting dos Raonis indies

Porra manu esses jogo é tudo igual!!! Inovação hoje só mesmu nos índio, tá ligado?!?!?!? Os cara faz os jogo de plataforma diferentão pra caramba aê!!! Tu pula pra frente, pra trás, pro teto, uma loucura!!!111!!!!

Você aí gosta de jogos com gráficos de ponta, horas e horas de gameplay, multijogador online variado e tal e coisa? Tudo bem, mas faça-o em segredo: afinal, esse tipo de jogo custa dinheiro, e ai das publishers e dos estúdios que fazem tais jogos com alguma esperança de recuperar o dinheiro. Para o gamer cool, essas empresas são as trombetas do apocalipse, o fim dos videogames como os conhecemos e o túmulo do samba, digo, da inovação. Tudo se resume a uma coisa: dinheiro. Se elas ganham $$$ apelando para o básico ou inovando, na verdade pouco importa – importa é que elas ganham e você não. Como assim!?!? Você, um dos gamers mais cool do universo, o cara ou garota que sabe tudo de design de games, que tem 25 anos e 22 deles de jogo? Isso é um a-bê-sur-do.

Do It Yourself Gamer
Faça (uma cópia retrô) você mesmo

E qual é a saída? Ora, há um monte de caras que nem você por aí, caras que pelo menos tiveram o culhão de ir fazer seus próprios jogos… Ok, ok, esquece essa parte. O que importa é que eles são como você. Eles também têm certeza de que, se trabalhassem em uma grande publisher ou estúdio de renome, teriam “sua criatividade massacrada” (tradução: não poderiam fazer um jogo que só eles mesmos iriam querer jogar), seriam “obrigados a trabalhar em condições desumanas” (tradução: trabalhar duas horas a mais por dia, e só no final do projeto, em troca de bônus nos lucros e afins) e estariam “contribuindo para engessar o design de games atual” (tradução: criar o milésimo shooter em vez de criarem sozinhos o milionésimo jogo de plataforma inspirado em Mario). E como para ser cool você precisa se unir aos seus chapas contraosistema!, contraaopressãocapitalista! e contraacensuracorporativa!, não deixe de endeusar esses caras e seus fantásticos jogos pós-retrô-hard-true-modernos. Claro, sempre por trás do seu iMac ou iPad, esses símbolos da libertação socialista e da liberdade de expressão, e entre um documentário e outro do Michael Moore, seu ídolo da informação isenta

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Extended ultra hardcore mode replay

Lendas dos Games Indie
Por exemplo, faça um jogo (retrô, é claro) sobre os seus “ídalos” indies

Mas defender os jogos índios pode não ser o suficiente. Afinal, há um problema sério de concorrência: sem dinheiro, equipe, saco e ideias, os desáiguiners índios jamais poderão “competir” com os malditos jogos blockbuster e seus gráficos hiperrealistas, pacotes elaborados e campanhas de marketing massivas. Qual a solução? Promover o que for realmente inovador? Nãããão, isso dá trabalho demais. Há outras fórmulas de radicalizar o jogo, de deixar de ser PT e virar PCO/PSTU, de continuar viajando de primeira classe enquanto se arrota contra o sistema do mercado dos jogos, essa área tão importante e vital para o desenvolvimento humano e social! Afinal, como você vai passar o tempo no quarto de casa sem videogames para se distrair? Pode até acabar pirando, quebrar o conjunto de porcelanas da mamãe e virar um drogado, mais uma vítima do sistema, né não? Então tá na hora de arregaçar as mangas e garantir seu futuro – além da credibilidade com os seus amigos gamers cool.

  • Abrace tudo que é retrô. A nostalgia tem apelo universal e é uma das irmãs da inércia – e quer coisa mais cool do que preguiça? Além do mais, como já existem jovens adultos que jogam mas nunca tiveram contato com as primeiras gerações de videogames, elas se tornam uma fonte óbvia de ideias para os “índios” copiarem. Sem contar que é suuuper-pós-moderno reviver coisas populares de 15-20 anos atrás; portanto, atice o conformismo e a inércia alheias! Para quê melhorar o atual se você pode recauchutar o passado?
  • Faça um tributo aos seus heróis indies. Se os revisionistas históricos conseguiram implantar no mundo a ideia de que todos os índios eram bonzinhos e nunca entraram em guerra entre si mesmos, e muito menos se aliaram a invasores para exterminar inimigos tribais, os gamers cool também conseguirão transformar os seus próprios índios em lendas de porra nenhuma. Só me faça o favor de não homenagear um Jonathan Blow (Braid) ou Edmund McMillen (GishSuper Meat Boy, The Binding of Isaac) da vida – esses já têm IBOPE demais.
  • Por fim, não se esqueça que ser índio não é só uma questão de etnia, e sim de estilo de vida – índio mesmo anda pelado na floresta. Quero dizer, deixando a analogia ixxxperta de lado, empresa independente que lança jogos nas redes dos consoles via publishers, ou tem qualquer tipo de negócio com elas, não é “trú índia”; ou seja, sorry Double Fine, Ninja Theory, CD Projekt Red, From Software, Grasshopper Manufacture, Platinum Games etc. – todas vocês são vendidas e fazem jogos mainstream que venderam menos que o um milhão de cópias de Super Meat Boy… Ops, esquece esse detalhe.

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Psss, não diga isso em voz alta!

Hipster Videogame Bullshit - Games para PIMBAsTá, eu sei que você andou jogando um monte de jogos índios antes de voltar a terminar essa lição, e eu sei o que passou pela sua cabeça: “pô, mas a maioria é jogo de plataforma com alguma variação engraçadinha, e vários se copiam entre si”… Calma, calma, cara. Não é cópia, é socialização do copyright, saca? Nós somos contra a proteção da propriedade intelectual! Ah, e isso também é tática de guerrilha: inundando o mercado de jogos de plataforma pós-hard-pré-retrô-trú-core, a gente acaba sempre descolando uma manchete em algum portal – cujos jornalistas são, por natureza, hipsters de vinte e alguns anos que jogaram as paradas que estamos recauchutando (esqueça que bons jornalistas, depois de alguma experiência, conseguem escrever sobre outras coisas além de games, e não ficam perdendo tempo na redação do 1up.com discutindo qual RPG tem a espada maior ou algo do tipo).

E não me venha dizer que, se dinheiro não necessariamente traz qualidade, o outro lado da moeda é que a falta dele também não garante boas ideias – desde quando o pós-moderno precisa fazer sentido? Também não pense na quantidade de lixo derivativo lançada por indies em veículos como o Steam e a Xbox Live, nada diferente das grandes publishers, só que com a desculpa de que os recursos eram limitados, coitadinhos. Muito menos lembre que se os índios têm Braid e Limbo, o “mainstream” tem Bioshock e Catherine – ou seja, não conclua que boas ideias e qualidade surgem em qualquer lugar, em qualquer ambiente, com qualquer orçamento. Também não perceba que as limitações às quais os desenvolvedores indies se submetem podem até estimular a criatividade de alguns, mas que quem é bom inova com ou sem limitações. E esqueça que os videogames são uma área cujo desenvolvimento e evolução dependem muito mais de investimento em nova tecnologia e em equipes cheias de especialistas do que qualquer outra mídia, mais até do que o cinema. Para quê concluir que o problema não é dinheiro e distribuição, e sim o mau uso das duas coisas? É melhor ser índio – mas sem ir pra selva e encarar o mato de peito aberto, claro.

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Na próxima lição… Sem promessas, mas pode ter a ver com resenhas, notas e minúcias. Fiquem de olho! Como sempre, aceito sugestões.

15 comentários sobre “Manual do Gamer Cool #6: Todo dia é dia de indie

  1. Fabio, eu não sei o quanto tu se diverte escrevendo o Back ou quanto tempo isso te consome, mas dada a opção de escolha seus momentos Cave Johnson* nas outras colunas (como essa) sempre valem a pena

    eu acho muito engraçado os meio-bit games da vida (cujo logo mor do site é “eu não joguei ainda, mas…”) com uma babação desenfreada por qualquer coisa que tenha sido programada com sobras de um almoço chines e dois tuberculos… não que metade das pessoas que paguem pau pra esses jogos citem alguma vez na vida como seus jogos realmente favoritos…

    Uma sugestão pra proxima semana seria justamente esse: a nobre arte de pagar pau para os jogos que voce nunca jogou… ou se jogou, nem gostou tanto assim mas que pega bem elogiar (como Super Meat boy)

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    • Hm, vou te dizer uma coisa – sabe por que eu não faria essa pauta? Porque eu mesmo sou o rei de deixar jogos inacabados, jogar um pouco “pra ver como é” e acabar deixando na fila.
      Bom, mas pelo menos eu não fico falando que eles são a melhor coisa do universo. Os que eu realmente acho tão bons assim são justamente os que me prendem e eu acabo terminando. 😉

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      • O problema não é deixar jogos inacabados. Cada um sabe do seu gosto, da sua agenda, tal, tal e tal, não tem nada errado com isso.

        O problema mesmo é o famoso “não joguei, mas vou dizer que gosto porque pega bem”. Quantas pessoas REALMENTE gostam tanto assim de Minecraft, Super Meat Boy ou mesmo Braid?
        Deixando a qualidade do jogo de lado, apenas o fato de quantas pessoas (e mais precisamente, quantos sites) podem bater no peito e dizer “joguei sim e gostei para caradoalho”?

        E isso não se restringe a indies, claro. Sempre pega muito bem de pagar por cult e pseudointelectual falar bem de jogos mais conceituais Shadow of Colossus, Ookami, Killer 7, um adventure de point and click dos anos 90 e por ai vai… mas jogar mesmo e guardar pra ser passado aos seus filhos como tradição de familia, isso não é tão comum assim.

        Existe um ditado que é “Coloque seu dinheiro onde sua boca está”, ou seja, endosse com ações o que voce fala da boca pra fora. Ignorar isso é uma das regras basicas do gamer cool, o que importa não é o que eu jogo ou o que eu gosto, mas sim o que eu falo que é legal (tendo jogado ou não)

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    • Seus momentos Cave Johnson sempre valem a pena. [2]

      Outra sugestão: você podia fazer um sobre o “”fato”” de que, hoje em dia, “os jogos são muito fáceis”.

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      • Ahhh, putz, nem me fala. A principal falácia disso é muito simples de destrinchar:

        “hoje em dia” -> significa que a pessoa que disse isso não começou a jogar ontem, e sim há algum tempo
        jogar há algum tempo -> significa que a pessoa já absorveu diversas coisas que são padrão nos games, desde sistemas de controle até vícios de design que se perpetuam mesmo em jogos diferentes
        conhecer padrões -> em qualquer área do conhecimento e da prática humana, internalizar padrões deixa as coisas mais simples e fáceis de operar e entender

        Logo, é CLARO que hoje os jogos “são fáceis” pra você, mané: eles foram feitos para acomodar não somente seus 10-20 anos de prática, e sim também quem está começando agora.

        Isso tudo fora a distinção entre o difícil-aleatório e o difícil-deliberado: é muito simples encher um jogo de obstáculos, buracos que exigem pulos milimétricos, inimigos com movimentação exagerada e/ou momentos cronometrados para deixar uma fase difícil. Complicado é fazer um jogo que incorpore esses elementos naturalmente, sem apelar para a memorização de padrões por parte do jogador.

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        • Pois é! E ainda contam fatores como limitações dos hardwares antigos, a percepção relativa da dificuldade (claro que vou me lembrar de ter mais dificuldade pra zerar um jogo na era 8/16-bit do que tenho agora, mas eu era criança, não tinha o desenvolvimento cognitivo que tenho hoje), etc.

          É uma lógica muito simples, mesmo. Mas o “cool” precisa mostrar que os games tremem perante sua fodacidade. xD

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        • Sem contar o fator pratico da coisa: a 20 anos atrás os jogos eram poutamente dificeis para esconder o fato que o jogo de verdade tinha meia-hora de duração e olha lá. Se Contra não fosse lazarentamente dificil, voce terminava ele em 20 minutos e nunca mais ia gastar dinheiro pra uma porcaria que dura tanto quanto primeira vez de virgem.

          Hoje se fizerem um jogo assim e cobrarem o preço de mercado (60 obamas) o produtor pode ir encomendando sua barraquinha de churros, porque em videogames ele não trabalha mais.

          Ou seja, os jogos não são dificeis como antigamente porque… honestamnete, seria idiota

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          • Pois é! Eu cheguei a escrever sobre isso em um site que infelizmente não existe mais, o PowerUps, em uma coluna chamada Save & Quit. A ideia era oferecer uma visão menos cor-de-rosa da nostalgia, vindo de alguém que joga desde o Telejogo no final dos anos 70 mas sempre sonhou que os jogos chegassem onde chegaram hoje. A primeira coluna comparava dificuldade como a percebíamos na época com a noção de dificuldade de hoje, de jogos como Demon’s Souls. Vou ver se republico ela aqui diretamente mais tarde (por sorte eu fiz backup de todas, incluindo tags html e etc., antes do site acabar).

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  2. Nem me incomodo com esses “índios”, para mim é igual aos emos, desde que não venha querer chorar no meu ombro não ligo para o que se intitulam, o complicado é quando eles resolvem se infiltrar nos sites especializados.
    Engraçado pensar que em uma geração com tantas franquias novas (de grandes distribuidoras inclusive) tem gente que acha que deve se prender a idéia de que inovação só vem de estúdios independentes.

    Muito bom o artigo, me diverti muito lendo, é uma pena que tenha tão poucos sites brasileiro sobre jogos que se preocupe mais em entreter o leitor do que ficar chupando noticia de outros sites para ganhar visita.

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    • O Fabio que trabalha com isso certamente sabe falar do assunto melhor que eu, mas o que eu percebo é que curiosamente, e não estou dizendo que isso serve de desculpa, no Brasil existe uma cultura muito forte de que a imprensa NÃO PODE ter uma linha editorial. Aqui se acha piamente que jornalismo é dar copiar e colar das coisas e só.

      O melhor exemplo disso é a VEJA, por exemplo. A revista tem uma linha editorial bastante clara, e por isso ela é manipuladora e malvadona e blablabla.
      Não que a VEJA não tenha inumeros defeitos, mas ter uma linha editorial não é um deles.

      E é claro, imprensa com opinião só incomoda quando ela não concorda com a sua. Ainda vou ver o dia que o tipico aborrescente universitário esquerdalha sustentado pelo papai vai falar mal da Carta Capital, embora ela seja tão “tendenciosa” quanto a sua arqui-rival capitalista do sistema. MAs isso já é outra história de qualquer jeito

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      • Eu lembro como o pessoal ficou indignadíssimo quando a Veja estampou na capa, na última eleição, que apoiava o Geraldo Alckmin para presidente. O povo foi à loucura, e não só esquerdista – assim como a ideia de que ter educação e saúde de graça é um “direito fundamental”, já está entranhado que imprensa não pode tomar partido. Pelo contrário: o que a Veja fez só é novidade no Brasil. Deixar de tomar partido em uma eleição é muito conveniente, abre espaço para vender matérias e artigos pendendo para um lado ou outro, só que mascarando com uma imparcialidade que não existe.

        Sobre a Carta Capital, nem comento. O modus operandi do esquerdopata brasileiro é esse: seus partidos, seus companheiros e suas utopias podem solapar tudo aquilo que eles pregam, sempre. Mas ai do outro que fizer o mesmo. Vale para ter uma linha editorial clara, vale para tudo, principalmente leis. Outro dia um juiz de um “movimento por um meio jurídico consciente”, ou algum eufemismo para “socialista” equivalente, publicou com todas as letras em um artigo que os magistrados devem considerar certas pessoas acima da lei. É assim que funciona: tudo que os adversários fazem está sob suspeita, mas quando o “companheiro” invade, rouba, sonega, põe parente no comando de estatal e até mesmo mata, ele pode alegar que fez por “consciência social” e um juiz vai liberá-lo porque ele está “acima da lei”, graças às “circunstâncias sociais”. E ontem um juiz derrubou a liminar que dava acesso às correções da redações do ENEM alegando que a “credibilidade já estava solapada” (NÃO DIGA! É EXATAMENTE POR ISSO QUE ESTÃO PEDINDO PARA VER AS CORREÇÕES, SEU JUMENTO!!!) e que isso estava sendo usado “para fins políticos” (pergunto: E DAÍ? A PROVA VAZOU PORRA!! ATENHA-SE AOS FATOS!!!).

        Legal, né? *ufa*

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  3. Fabio, achei interessante o trecho “esqueça que bons jornalistas, depois de alguma experiência, conseguem escrever sobre outras coisas além de games”. Tu acreditas em algo a mais que jornalismo para os games (eu acredito que eles merecem mais, heheheh :-)? digo, tu crê em uma critica gamer de verdade, um corpo critico, uma ‘Campo contra campo/Cinética dos games? (eu só posso falar do cinema, pois é a arte que tenho mais contato com a critica e talz)? Sabe, pode até ser egoismo meu, mas, acho esse nível consumidor-fabricante da análise que a grande imprensa gamer martela em nossos olhos simplesmente medíocre, esse papo de o game X vale um 9 pois proporciona 9h a mais de punhetagem….
    Eu realmente acredito que games tem uma forma, uma estética própria. Não é papo hispister saca. Os criticos de cinema que mais admiro são verdadeiros apaixonados, quando falo de critica gamer em paralelo ao cinema quero dizer mais Andre Bazin e David Bordwell e menos Rubens Ewald Filho e Roger Ebert. Tem bastante gente indo nesse caminho (“critico”) na net, tu conheces esse blog http://critical-gaming.squarespace.com/ ?.
    Acho que esse é o motivo das minhas visitas ao teu blog; aqui lê-se muito pouco (Acho que nunca): ‘Franquia X vendeu xxxporrilhões de unidades, eba eu sou fã dessa franquia’. Tu estas mais interessado em jogar os games, é isso que importa, e o que os caras do Kotaku, Ign, Uol jogos e tudo mais parece que não entendem. Ai vem meu egoismo novamente, o comercio de games me interessa tanto quanto o comércio de pasta de dentes, apesar de eu fazer parte dos dois comércios…

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    • Eu acredito, só não vejo isso acontecendo agora nem em um futuro próximo. Primeiro a mídia precisa amadurecer como um todo – usando o velho clichê, quando tivermos um presidente que cresceu jogando games – e só então a imprensa vai seguir. Normalmente seria o contrário, a imprensa é que contribuiria para o amadurecimento da mídia e como ela é percebida pela população em geral… Mas infelizmente nos games isso não vai acontecer porque todo o mercado está voltado para aborrescentes, e com isso temos um cerco dos dois lados: as revistas/portais não querem escrever para um público mais velho (a exceção é a EDGE), e todos os gamers aborrescentes que não fizeram nada da vida acabam virando jornalistas de games para ganhar jogo de graça.

      Mas uma hora vai. É um saco mesmo só ler textos de jogos como produto (embora eu goste de *ter essa opção*, e acho que o Gamespot faz um trabalho muito bom de ser utilitário sem ser babaca). Hoje eu vi lá na resenha do Final Fantasy XIII-2 um comentário assim: “Eu escolho meus Final Fantasy pela duração. 25 horas? Tô fora”. E depois um energúmero desses vai se dizer “fã de carteirinha” da série e cagar regra de como ela tem que ser.

      E é claro que games tem uma estética própria, que precisa ser estudada. Tu vem do cinema, eu venho da música, de ler a era da Bizz nos anos 80 e 90 e, mais tarde, pesquisar e escrever por conta própria. Cheguei a escrever para duas edições da revista Frente e para o site da revista Zero. Não conheço o Critical Gaming, mas para esse tipo de coisa, confio na EDGE, na Leigh Alexander, no Clint Hocking e no Tom Bissell, autor do livro Extra Lives.

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