Tilt: Steam é hackeado e fanboys fingem que o caso é diferente do da PSN

tiltTilt é uma seção recorrente deste blog onde matuto um pouco sobre as tendências atuais que mais me incomodam no mundo dos games, como certos mitos de design que se perpetuam desnecessariamente. Se um determinado jogo adotou um recurso só porque está na moda, é aqui que irei comentar – ou melhor dizendo, reclamar.

Há quatro dias, os fóruns do Steam foram desativados. Após um pouco de investigação e a dica de um usuário, antes mesmo de qualquer pronunciamento da Valve, foi descoberto que eles haviam sido hackeados, com direito a propaganda de um site de cheats e tudo mais. Hoje, na calada da noite, a Valve liberou um pronunciamento através da janela de Updates do Steam admitindo que a extensão do hack atingiu sim o aplicativo, e que informações pessoais podem ter sido acessadas. Eis o texto do anúncio:

SteamCaros usuários do Steam e dos Fóruns do Steam,

Nossos fóruns do Steam foram violados na noite de domingo, 6 de novembro. Começamos a investigar e descobrimos que a invasão foi além dos fóruns do Steam.

Descobrimos que os invasores obtiveram acesso a um banco de dados do Steam, além dos fóruns. Esse banco de dados continha informações como nomes de usuário, senhas salted e verificadas por hash, aquisições de jogos, endereços de e-mail, endereços de cobrança e informações criptografadas de cartão de crédito. Não temos evidências de que os números de cartão de crédito criptografados ou informações de identificação pessoal foram roubados pelos invasores, ou se a proteção nos números de cartão de crédito ou senhas foi quebrada. Ainda estamos investigando.

Não temos evidência de uso inapropriado de cartão de crédito nesse momento. Ainda assim, você deve monitorar as suas faturas e a atividade do cartão de crédito com cuidado.

Embora só tenhamos descoberto algumas poucas contas de fórum comprometidas, todos os usuários do fórum serão solicitados a alterar suas senhas da próxima vez em que fizerem login. Se você utilizou a sua senha do fórum do Steam em outras contas, altere essas senhas também.

Não temos notícia de nenhuma conta do Steam comprometida, então não estamos planejando uma alteração forçada das senhas de contas do Steam (que são distintas das senhas do fórum). Porém, não é uma má ideia alterar essa senha também, especialmente se for a mesma da sua conta nos fóruns do Steam.

Reabriremos os fóruns assim que possível.

Estou realmente triste com o que aconteceu, e peço desculpas pelo inconveniente.

Gabe.

As ênfases são minhas. Notaram alguma semelhança com um caso recente? Pois é, eu notei na hora.

PSN e Steam, tudo a ver

Hacks do Steam e da PSN: quem ama sofre junto
Hacks do Steam e da PSN: quem ama sofre junto

No início do caso do hack da PSN, todo mundo gritou, esperneou e reclamou quando a Sony demorou cerca de seis dias para admitir que informações pessoais, incluindo cartões de crédito, poderiam ter sido acessadas pelos hackers que estavam causando problemas de desempenho na rede. Não adiantou a empresa declarar de que não tinha nenhuma evidência de mau uso dos dados: a maioria dos dedos dos gamers e jornalistas apontou para a Sony como se o seu descuido/negligência fosse o crime maior, e não a invasão em si. Surgiram declarações de todo tipo de gente “isenta”, como um gamer australiano que reportou gastos de menos de mil dólares em seu cartão e um “especialista em segurança” dizendo que “leu em um fórum” que o amigo do amigo do amigo do usuário disse que as senhas estavam em um arquivo de texto – e ambos os relatos viraram notícia em portais de games. Isto é, todo mundo cansou de procurar alguma maneira de pintar a Sony da pior maneira possível. Afinal, ela é uma grande corporação e logo deve ser maligna, né? Ela obriga as pessoas a usarem a PSN, inclusive. Honest! /facepalm

Agora releiam a declaração da Valve, acima. Ela admitiu logo o acesso às informações pessoais? Não, demorou quatro dias. Foi menos do que a Sony? Foi, mas por meros dois dias. Até agora ninguém apareceu para comentar isso. Considerando que a Valve não é idiota e sabe o que aconteceu com a PSN, porque eles demoraram quatro dias? Pelo mesmo motivo que a Sony demorou um tempo, também: nenhuma companhia séria pode emitir um comunicado desses sem ter certeza de que o risco existe. Não é só uma questão de proteger a imagem, e sim de não dar alarme falso – que é quase tão passível de processo quanto o roubo real de informações, e ainda mancha a marca à toa, sem que nada tenha acontecido. E hacks dessa extensão não podem ser rastreados de uma hora pra outra.

Cartões de crédito
Será que o seu está ali?

O discurso central é quase idêntico. “Hackers tiveram acesso às suas informações, incluindo cartões de crédito, mas não há evidência de que a criptografia tenha sido quebrada, não entrem em pânico blá blá blá”. Porém, vá olhar os comentários de veículos com grande público jogador de PC, como o The Escapist ou Rock, Paper, Shotgun, e você notará que as pessoas estão tratando o assunto como se não fosse nada de mais. Até agora apenas o Kotaku (por increça que parível) fez o paralelo direto, sem fingir que meros dois dias fazem grande diferença após quatro em silêncio. E ainda levanta uma bola boa: o hack do Steam pode, na verdade, ter comprometido mais cartões de crédito do que o da Sony. São cerca de 35 milhões de contas do Steam contra 70 milhões da PSN, mas pela própria natureza gratuita da PSN e de como é fácil criar contas duplicadas (eu mesmo tenho cinco no meu console!), estima-se que a rede tenha cerca de 12 milhões de cartões de crédito registrados (e nenhuma das minhas cinco contas tem qualquer cartão). Você acredita que mais da metade das contas do Steam não tenham cartão de crédito registrado? Pois é, eu também não.

Mas porque o Steam? Eles são tão bonzinhos

Mal se passaram quatro horas desde a notícia e já há diversos comentários de gamers em fóruns fazendo perguntas como “mas por quê? Qual o sentido de hackear a Valve? Eles oferecem um bom serviço, barato etc. etc.”. Ah, sério? Então se o serviço fosse porco podia? Mais: se um usuário achar o serviço da PSN porco, ele pode invadir a rede e fazer o que bem entender com contas de usuários que, ao contrário dele, estão satisfeitos com o serviço? É assim que funciona?

Não, meu filho, deixa o tio Fábio explicar bem tatibitate pra você entender: se você acreditou que o hack da PSN era motivado por qualquer motivo “político” nobre, me desculpe, mas você é um tolo. Para dizer o mínimo. Quem realmente preza pela democracia e pela mudança social sabe que ela não pode ser atingida com imposições unilaterais só porque “eu posso”, não importa o quanto os fins pareçam legítimos – porque só há uma palavra para descrever a quebra de regras sociais para impor uma vontade pessoal, e essa palavra é “tirania”. É exatamente isso que os hackers da PSN fizeram: usaram seu poder para imputar a todos a visão deles do que é a Sony ou a PSN. Não há nada de anarquista, revolucionário ou engajado no que eles fizeram. Foi tirânico e antidemocrático, isso sim.

Por que Gabe Newell inventou o Steam
Eis o verdadeiro motivo pelo qual Gabe Newell criou o diabo do Steam…

O segundo erro é pintar a Valve de “boazinha”, como se ela não estivesse atrás dos mesmos exatos objetivos da Sony: lucro. Os métodos mudam, mas o fato de que a Valve enxergou outro caminho, quer ele soe mais simpático ou não – e lembrem-se, a PSN continua gratuita – não apaga a realidade. A Valve faz o que faz porque funciona financeiramente para ela, ponto. O erro aqui é achar que isso é ruim de alguma forma. Não é. A Valve não obriga ninguém a usar o Steam, nem proíbe ninguém de sair, assim como a Sony. Se você discorda das políticas de uma ou de outra, simplesmente pare de usar o serviço. Nós vivemos em um mundo livre, e você é o único responsável por qualquer “exploração” supostamente feita por empresas das quais você já adquiriu produtos e serviços.

Isso sem contar que, se você quiser mesmo encontrar um motivo ideológico para o ataque à Steam, eu te darei um: o Steam é uma forma de DRM. As pessoas tendem a esquecer disso, mas o Steam impõe restrições de uso do conteúdo que são virtualmente idênticas às de um DRM com ativação online (única, mas ainda assim). No mês que vem vou viajar e gostaria de poder jogar alguns games no notebook da minha esposa, mas para fazê-lo, não posso simplesmente levar os discos de backup deles, pôr na máquina quando der na telha e rodar: terei que instalar o Steam e, de preferência, restaurar os backups aqui mesmo antes de viajar – para não correr o risco de descobrir que o lugar onde ficarei não tem Wi-Fi e não acessar alguns jogos por não ter ativado-os na nova instalação do Steam.

Mas sinceramente, é preciso ser muito ingênuo para acreditar que o ataque tenha sido tão elaborado. Entendam o seguinte: o único motivador de ambos os casos é a velha e sem graça ganância. Aquela mesma da qual alguns de vocês acusam publishers e empresas como a Sony, enquanto quem impõe problemas pela goela abaixo de vocês não são as empresas, e sim os hackers. Ninguém te obrigou a ter conta na PSN e no Steam, mas os hackers te obrigaram a mudar de senha, ficar monitorando o cartão, deixar de usar o fórum do Steam e deixar de usar a PSN. Quem é o verdadeiro opressor aqui? Pensem nisso.

Nah, não foi nada

Desligando a Internet
Já que o Steam não sai do ar…

Mas o pior mesmo não é nada disso. Todo mundo gritou “descaso!” e “isso é muito vago!” quando a Sony disse que não sabia se a criptografia dos cartões foi quebrada, exatamente como a Valve acaba de declarar, mas pelo menos tomou medidas imediatas para impedir que a coisa ficasse pior – inclusive se expondo ao ridículo da opinião pública ao tirar o serviço do ar por quase um mês. Já no caso da Valve, mesmo com a possibilidade de tantas informações roubadas, a empresa decidiu não solicitar que mudemos a senha (eu, que não nasci ontem, já tinha trocado a senha do aplicativo assim que soube do caso do fórum, há quatro dias, mesmo sendo contas separadas) e manter o serviço no ar. Não me entendam mal, eu quero o Steam funcionando tanto qualquer um (poxa, eu acabei de comprar Jade Empire, finalmente!). Mas convenhamos: se o hack explorou uma falha de segurança, que garantia temos de que ela ainda não está aberta?

A diferença, é claro, é que a Valve sabe muito bem que não é vista como uma “megacorporação maligna” e que, por isso, pode correr esse risco sem (1) atrair a opinião pública fora do jornalismo de games, já que o Steam não tem a mesma força mainstream da marca Playstation, e que (2) tem fanboys que estão mais preocupados com a possibilidade de não acessar o serviço do que qualquer outra coisa, inclusive a possibilidade de milhares ou milhões de pessoas terem seus cartões comprometidos. Isto é, a não ser que haja um uso em massa dos dados roubados, o caso da Valve não vai atrair nem 1% da exposição do caso da Sony. E sim, eu tenho certeza de que Gabe Newell sabe e pensou nisso. Se você acha que não, é mais ingênuo do que imagina.

Em resumo, quando a Sony soltou o seu “nah, pode não ter sido nada, mas vamos tirar o serviço do ar assim mesmo”, todo mundo achou feio e tachou de descaso. E quando o Steam diz “nah, não foi nada, desencana” e mantém o serviço no ar como se nada tivesse acontecido, como é que fica? Quem realmente está tratanto o possível roubo de suas informações pessoais como algo menos importante do que a manutenção do serviço em funcionamento?

Fanboyismo faz mal, e não só à saúde

Às vezes tendemos a tratar o fanboyismo como se fosse algo inofensivo. “São apenas gente que não tem mais o que fazer”, ou nos piores casos, “é apenas amor em excesso por algo” [*]. Ledo engano. Fanboyismo é uma forma de irracionalidade, de tomada de partido sem nenhuma justificativa lógica ou capacidade crítica e, portanto, ou gera massa de manobra ou atrapalha indiretamente o progresso e a criatividade. A diferença é que, no mundo lá fora, ninguém se importa se os FPS militares são repetitivos ou deixam de ser, e muito menos se isso acontece ou não por culpa dos fanboys… Mas quando o fanboyismo mascara a gravidade de uma ação que pode ter comprometido dezenas de milhões de cartões de crédito, percebemos que o “inofensivo” pode sim acabar indp longe demais.

E se você não quer que o caso do Steam e da PSN se repita, é hora de tomar uma atitude já – começando por parar de acreditar em palavras de ordem e tomar decisões por você mesmo, incluindo a de repensar o impacto do fanboyismo em toda a sua extensão. Tá esperando o quê? Que algum portal te diga o que pensar? Francamente…

[*] UPDATED: Ou, como disseram em um comentário abaixo, “todo mundo é fanboy de si mesmo”. Parafraseando o protagonista de Bulletstorm, “what the fuck does that even mean”?

26 comentários sobre “Tilt: Steam é hackeado e fanboys fingem que o caso é diferente do da PSN

  1. Tem que ser dado um crédito a Valve: ela conhece o seu publico-alvo ao nível por exemplo que a Apple conhece o seu. E o publico-alvo dessas empresas sabe que enquanto eles acreditarem que elas querem a paz na terra aos homens de boa vontade, o fim das guerras e abraças filhotes de panda, eles tem uma margem de manobra muito grande. No fim a grande sorte da Sony é que ela compete com uma empresa muito mais dumau ainda, a Microsoft (“essa sim só quer lucro, ao contrário de todas as outras”.. aff…) senão sua imagem teria saido bem pior disso

    Agora achar que tem algum motivo ideologico no roubo da Valve (se perguntar porqueeeeee deus porqueeeee) que não o dinheiro é tão idiota quanto achar que os protestos na USP tem alguma coisa a mais profunda do que apenas poder fumar maconha em paz.

    Eu realmente entendo os fanboys, sabe? É a velha coisa institiva de querer fazer parte de alguma coisa, de uma tribo, etc. Foi assim que a nossa especie sobreviveu e dominou o planeta no fim das contas (quer dizer, atras dos golfinhos e ratos, claro). Algumas pessoas torcem para um time de futebol, algumas adotam uma religião, algumas se agarram ao nacionalismo… e algumas torcem para uma marca que fabricou um punhado de chips num pedaco de plastico. Torcer, é.
    E aí voce ve que ta na hora de sair e tomar um pouco de ar, porque o negócio aqui não é sério e os jogos são apenas um fator secundário para esse povo no fim das contas…

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  2. Afinal de contas, no caso da psn, houve alguma onda de cartões de crédito usados indevidamente? Eu só lembro de ter lido um caso não comprovado e de falarem que um amigo de outro amigo ficou sabendo de um caso.

    Vai ver é por isso que as pessoas estão mais despreocupadas? Se eu tivesse psn, teria me desesperado e arrancado os cabelos. Mas como não aconteceu nada muito grave nesse caso, eu assumi (erroneamente, talvez) que provavelmente o hack no steam também não vai dar em nada quanto aos cartões.

    Mesmo que os dois casos sejam parecidos, a sony deu o azar de acontecer primeiro com ela. Quando é novidade, as pessoas pisam muito mais em cima.

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    • Patty, se a manifestação de fanboyismo fosse inédita, estivesse aparecendo só nesse caso, eu até aceitaria que se trata apenas de despreocupação porque o caso da PSN no fundo não deu em nada. Mas a atitude de que não existe nada de podre no reino do Steam vem de longa data. Vide o caso do DRM que citei. Qualquer fórum frequentado por jogadores de PC está cheio de gente reclamando da existência de DRM, e todas essas pessoas usam o Steam como se ele não fosse uma forma de DRM… E por aí vai. Outro caso é Battlefield 3: reclamam de ter que instalar o Origin e de que o jogo não está disponível no Steam, mas ninguém reivindica que os jogos da Valve sejam disponibilizados nos serviços concorrentes, ou que Diablo e Starcraft saiam no Steam, e assim por diante. Isto é, “quando eu gosto da empresa ela pode manter a exclusividade de venda do jogo, mas se eu não gostar, eu digo que é OBRIGAÇÃO dela vender em outras plataformas”.
      O problema, como sempre nesses casos, são os dois pesos e duas medidas.

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      • E pros analfabetos funcionais, não, não estou dizendo que o Origin é bom. Isso é OUTRO problema. Se ele é ruim, então é um fator a ser considerado na compra ou não de Battlefield 3. Mesmo que seja uma merda, isso NÃO é desculpa para exigir da EA o que não se exige da Valve e da Blizzard. Ou se exige que todas abram mão de exclusividade, ou não se exige de nenhuma delas.

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      • Não quis dizer que não existe fanboysmo. Sei que existe. Só quis acrescentar outros motivos pra tempestade em cima da psn ter sido tão exponencialmente maior.

        A propósito, acho relevante acrescentar também que fiz uma pesquisinha rápida usando formspring e perguntando pros meus seguidores o que eles acharam do hack à psn e steam, e notei que várias pessoas nem sabem o que é steam. Mas se falar em playstation, psp, todo mundo conhece ou pelo menos tem uma ideia do que seja.

        Enfim, só mais algumas coisas a se pensar. Não acho que o que você falou esteja errado.

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    • Nah.

      1) Ninguém sabe se o problema estava SÓ nos fóruns, já que houve acesso ao banco de dados *do aplicativo*
      2) Mesmo que a brecha de segurança esteja SÓ nos fóruns, se o banco de dados do aplicativo foi comprometido, informações de acesso podem ser usadas por hackers se o serviço continua funcionando e não obriga ninguém a mudar de senha
      3) A PSN também foi desligada imediatamente, dias antes da Sony admitir que a brecha poderia ter envolvido cartões de crédito

      A única diferença real do caso da PSN é que o Steam não vai gerar 1% da má publicidade por ser uma marca bem menos visível, ponto.

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      • 1 e 2: Exato, houve acesso ao banco de dados através de uma falha dos fóruns. Eu acho que a atitude da Steam de não pedir pra trocar senhas é um tanto duvidosa também, se confiando apenas no Steam Guard pra proteger as senhas dos usuários.
        3: A PSN não foi desligada “imediatamente”, mas quando o fizeram foi porque tinham visto que a falha ia além dos fóruns.

        Concordo com você que a Steam não deve ter nem 1% do impacto que a Sony sofreu.

        O maior problema nesse caso é que, se os crackers conseguirem quebrar a a criptografia dos dados dos cartões, podem gerar muitos problemas. O acesso à conta da Steam pode gerar problemas, mas o Steam Guard pode evitar boa parte deles.

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        • Sobre o 3, na verdade a PSN foi desligada assim que descobriram o hack sim (e que eu saiba não houve nenhuma invasão dos fóruns de suporte do Playstation). A cronologia foi a seguinte:

          a) Hackers começam a fazer ataques de denial of service. O serviço fica instável. <-note que nesse ponto não há invasão ainda, só a tentativa de derrubar o serviço mesmo
          b) Dois ou três dias depois, a rede é hackeada. A Sony tira o serviço do ar e anuncia problemas técnicos/manutenção.
          c) Cerca de seis dias depois, a Sony anuncia que houve um hack e que dados pessoais podem ter sido comprometidos.

          Eu lembro bem disso porque já em (a) houve relatos de gente com problemas de acesso, enquanto eu conseguia usar normalmente e em (b), quando fui usar e notei que estava fora do ar, pensei "fudeu, era o Anonymous e agora hackearam essa porra de vez". Quando aconteceu (c) só levantei a plaquinha "Eu já sabia" 😛

          No Steam não houve denial of service e sim, os fóruns foram desligados, mas de resto a evolução do caso é bem semelhante. E os fóruns serem desligados ou não pouco importa, porque o máximo que alguém pode fazer neles é postar como se fosse você, big deal. O perigo mesmo está no que podem fazer no aplicativo, e por isso assusta a aposta alta do Steam de não pedir nem que troquem as senhas.

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  3. Curti, no entanto, o ataque ao fanboysmo. Realmente, isso não faz bem à saúde de ninguém nem de nenhum produto/serviço. Eu critico a EA e a Valve por essa briguinha, mas não sou contra a Origin. Na verdade, quanto mais concorrência, melhor!

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    • Pois é, esse é o problema real. Eu tenho 356 críticas ao Origin, mas o fato de Battlefield 3 ser exclusivo do serviço não é uma delas porque não faz sentido. O jogo é da EA e ela vende onde quiser. Meu papel como consumidor é não comprar pra mostrar que não quero o jogo com o Origin junto. Ou simplesmente continuar não comprando jogos no Origin porque eventualmente eles aparecem mais barato no Steam, e o serviço ainda não me oferece nenhuma vantagem única.
      É simples, mas por algum motivo o pessoal tem que transformar em bandeira e acabar mandando todos os sinais errados – que inclusive hoje permitem que o Steam trate o hack como se não fosse nada de mais. Provavelmente não vai dar em nada mesmo, mas uma hora um hack desses vai ser seguido de uso em massa de cartões de crédito e aí eu quero ver.

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  4. Ah, quer dizer que agora hackear virou moda? Eu queria entender porque esse bando de hackers não entende que hackear não vai ajudar em nada, e que deviam procurar outro tipo de solução se querem REALMENTE atingir a empresa. Como boicotar por exemplo.
    Mas eu sei que eles não conseguem, afinal Team Fortress 2 é de graça né?
    Só desabafo de quem está cansada de sofrer por isso :/

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    • Olha, os hackers nao querem fazer ativismo nenhum ou atingir ninguem, eles querem é os cartões de créditos – não vivemos num mundo tão bonito onde as pessoas fazem muitas coisas por principios, é só grana mesmo como alias fala no texto

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  5. Nossa, eu percebi isso também. Demonizaram a Sony e trataram o Steam como coitadinho.

    E muita gente ainda defende os hackers ingenuamente, acreditando que essas ações são uma forma de ativismo (como disse o “C”, acima) contra as “grandes corporações malignas”, né? =/.

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  6. O comportamento do público é sempre do tipo “não vai acontecer comigo”. Se uma empresa diz que vazaram dados de alguns cartões de crédito, o usuário em geral pensa: “o MEU não vazou, dane-se”. Quando a Sony tirou a PSN do ar, afetou todo mundo. “Agora está acontecendo comigo, devolve meu acesso, caramba!!”. Some esta mentalidade com o inacreditavelmente longo período em que a PSN ficou fora do ar e o resultado foram forcados e tochas ao redor da Sony. Se a Valve tivesse tirado o Steam do ar (e não afirmo que deveria ou não deveria, pois não sei a extensão da falha de segurança) os “fanboys fiéis” iriam pendurar a cabeça de Gabe Newell numa estaca e queimar o prédio inteiro.

    Cada um é fanboy de si mesmo e de suas comodidades: se Battlefield 3 tivesse armas lasers, monstros ou qualquer coisa que desafiasse o que o fanboy tem como SUA visão de Battlefield, não ia ficar um para defender a EA. O mesmo acontece com o DRM “invisível” do Steam: é prático, é cômodo e um preço pequeno a se pagar pelas promoções. Sem os descontaços que negocia, o Steam seria odiado como seus rivais.

    No final das contas, todo mundo quer fumar sua maconha em paz, pouco importa se o cara do lado está sendo assaltado, estuprado ou sofrendo um sequestro-relâmpago.

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    • Desculpe-me, não compartilho dessa visão falsamente concialiatória que tapa os olhos para a diferença abissal de comportamento entre dois grupos em nome de um suposto “tratamento igualitário”. É como quando vem alguém e diz que entre esquerda e direita existem extremos dos dois lados; existem sim, mas só as ideologias de esquerda mataram mais do que o nazismo – isto é um fato histórico, as contagens de mortos dos regimes bolchevique, no Cambodja e na China estão aí, e isso mesmo depois de maquiados pelo revisionismo histórico, amplamente guiado pelos acadêmicos marxistas.

      Pode dizer o que quiser, mas eu DUVIDO que os fanboys do Steam queimassem o Gabe Newell na estaca se o Steam ficasse fora do ar, a não ser que passasse mais do que um mês. Mas, de qualquer maneira, isso é suposição e não argumento. Mas nós temos de concreto uma diferença de reação clara: em menos de quatro horas do comunicado já estavam dando desculpas pela demora de quatro dias para divulgar o fato, e repetindo que “os fóruns foram tirados do ar” (mesmo que a extensão do hack tenha atingido o banco de dados do aplicativo). E isso inclusive nas próprias matérias, não só fanboys em fóruns (a do Escapist ainda teve a cara de pau de dizer que “pelo menos não foi tanto quanto o caso da PSN” quando a diferença foi irrisória, dois dias). Isso não tem nada a ver com o fato do serviço estar ou não fora do ar.

      O exemplo de Battlefield 3 foi péssimo porque (1) se ele tivesse armas lasers e etc. ele seria *propaganda enganosa*, já que em nenhum momento foi divulgado que seria futurista ou que não seria focado em guerra moderna “realista”, e (2) já existe um Battlefield com mechas e afins, Battlefield 2142, e não vi nenhum chororô de fanboy a não ser de que eles queriam logo que viesse o próximo “normal”. Além disso, Aquino, poupe-me da tentativa velada de fazer um ataque pessoal achando que eu vou me importar com o que Battlefield tem ou deixa de ter: se você acha que vai me fazer assumir algum comportamento típico de fanboy, usou a série errada e o exemplo errado, porque essa semana estava *justamente procurando Battlefield 2142 para vender em algum lugar*. Tente Assassin’s Creed, Mass Effect ou Fallout que você tem mais chances.

      Eu, que não sou formado em jornalismo e portanto não estou acostumado a esse tipo de besteira velada, digo na cara mesmo: todo mundo que te acompanha no Twitter e no seu blog sabe que você é fã do Steam, faltava saber se era fanboy. Como a carapuça serviu, a dúvida acabou. Tentar ir pra tangentes, usar suposições que você não tem como comprovar (o que aconteceria se…) e usar exemplos estapafúrdios de jogos que acabei de comentar comprovam isso, não importa o quanto o texto seja bonitinho. Me engana que eu gosto!

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  7. Calma, camarada! Eu estou concordando contigo! Estava apenas acrescentando as possíveis motivações por trás do fanboyismo, uma defesa acirrada de si mesmo e das praticidades, no final das contas.

    Eu estava justamente pensando em Battlefield 2142 e em como este “desvio” da série não foi tão bem recebido pelos fãs, podia ter usado Ninja Gaiden ou Devil May Cry, séries que estão pensando em implementar mudanças e já enfrentam protestos por isso. Eu não tenho nada a ganhar atacando quem quer que seja na internet, pelo contrário.

    Sou fã do Steam, mas não me considero fanboy. Talvez seja, quem está de fora pode ter uma visão melhor. Acho a comida do McDonald’s melhor do que a do Bobs, mas não saio por aí levantando a bandeira do palhaço. Mas não vim aqui defender o Steam. O comportamento da Valve na crise atual é indefensável. Se o problema se alastrar, a não-desativação do serviço vai repercutir MUITO mal. Assim como o silêncio oficial da empresa sobre a questão de Crysis 2, por exemplo, silêncio que deixa espaço para muitas especulações desagradáveis.

    Enfim, é melhor não me alongar. Mas valeu pelo “texto bonitinho”.

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    • Ah, bom. Menos mal. Desculpe-me pela reação de supetão. O que eu posso dizer em minha defesa é

      – A parte da compreensão do fanboyismo como defesa acirrada de si mesmo me incomoda PROFUNDAMENTE, sendo inclusive o assunto da parte final do artigo. Como leitor de Ayn Rand, eu sou um defensor ferrenho da individualidade e do egoísmo racional. O ponto é que fanboyismo por definição cruza exatamente a linha do racional, em que o interesse pessoal a qualquer custo do fanboy não apenas contribui para a deterioração do serviço/da situação como é contraproducente *ao próprio interesse pessoal a longo prazo*, porque fatalmente trará consequências mais pra frente (e toda vez que alguém reclama de sequências, de que um jogo com edição anual nunca muda etc. sempre me vem à mente como os fanboys gritam quando um jogo *finalmente* arrisca mudar).

      – Não tinha ficado claro que você achava o comportamento da Valve indefensável. Note que, embora eu tenha compreendido a atuação da Sony, minha reclamação é os dois pesos, as duas medidas. Jamais vou criticar alguém que considerou o caso da PSN um fiasco *desde que aplique a mesma lógica a qualquer outro caso semelhante*.

      – Teria me indignado menos ainda se você tivesse citado o caso de Crysis 2, cujo silêncio já vai há meses. Mas note que minha postura nesse caso é que, assim como a EA tem o direito de vender o jogo dela onde ela quiser, a Valve tem o direito de decidir o que ela quer permitir no serviço dela ou não, e não tem obrigação nenhuma de se explicar. Não condeno nenhuma das duas, eu simplesmente decido comprar coisas de uma ou de outra de acordo com o inconveniente que os serviços e produtos delas me trazem ou deixem de trazer, assim como não compro um carro porque não quero ter o estresse de dirigir em São Paulo. O que eu condeno é o comportamento fanboy de crucificar a EA por isso e desencanar do silêncio da Valve, ou como citado no artigo, os dois pesos e duas medidas de não exigir que Left 4 Dead 2 esteja à venda no Direct2Drive ou disponível no OnLive, por exemplo.

      – Aquele rolo todo com os leitores do seu blog me deixou com a pulga atrás da orelha.

      Ah, e valeu pelo “camarada”. Vou considerar que tu tá me zoando pelo comentário anti-esquerdista, só pode ser 🙂

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    • O melhor desse texto é que não é apenas sobre o medo das franquias evoluírem, mas também sobre o efeito estagnante da nostalgia em si. Já comentei isso por alto aqui, em um artigo chamado Pitacos Negativos do Mês; nostalgia só é benéfica quando mantida em uma jaula, a pão e água e com uma bola de ferro de 1 tonelada presa no tornozelo. E de preferência após 100 chibatadas. Ela deve ser escrava de todo o resto, desde a funcionalidade até a localização de uma obra. Absolutamente nenhuma obra-prima de forma alguma de arte, entretenimento ou expressão foi criada com nostalgia como mola-mestra; mesmo em casos em que *parece* que sim, a nostalgia é apenas o fator mais visível. A razão pra isso é puramente lógica: é impossível criar algo novo regurgitando o que já foi feito, por melhor que você o faça. E não existem obras-primas que não acrescentem alguma perspectiva nova. Só excelência técnica não basta.

      E ainda por cima ganhamos de brinde uma opinião dissidente sobre esse livro aí. Vi recomendações dele no podcast do Xbox e em alguns sites e estava com medo de que ele fosse exatamente o que o autor do artigo descreve: uma prisão nostálgica. Agora é que não o compro nem em versão eletrônica na Amazon. Vou baixar um sample para confirmar se é isso mesmo e olhe lá.

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    • Tava lendo a conversa de vocês (os comentários daqui sempre rendem boas discussões, adoro ler), daí fui ver o texto indicado. Gostei muito. ^^

      they are captives of their own fandom

      Aquino, fiquei curiosa sobre seu blog e fui bizoiar, achei seu texto sobre SH2 e deixei um comentário lá. =)

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  8. Eu, como muita gente, fui um grande fã da Squaresoft e dos seus jogos nos anos 90. Entre meus 10 jogos favoritos de todos os tempos, pelo menos 4 ou 5 estao nessa empresa. Ai chegaram os anos 2000 e a Square (agora -Enix) entrou numa furia em dilapidar suas franquias que chega ao nivel George Lucas de cagar o que ela mesmo fez. E porque isso?
    Não é que eles “desaprenderam” a fazer jogos marcantes, mas se deram conta de uma equação óbvia: eles tem uma fanbase gigantesca, então porque se preocupar? Se qualquer quantidade de esterco embalada numa caixa com o rotulo de Final Fantasy ou Dragon Quest (apenas para dar os dois maiores exemplos) vende trilhões, então para se dar ao trabalho?

    Isso é o que fans fazem com as franquias, porque nada é mais humano do que trabalhar apenas o necessário para ter sucesso – e como os fãs jogam a barra la embaixo temos boas idéias sendo abortadas ou feitas nas coxas porque… bem, vai vender igual. Volta e meia sai um Silent Hill ou um Sonic que é realmente bom, mas isso parece mais acidente ou um projeto pessoal de um diretor inspirado do que qualquer coisa

    E isso é um processo ciclico, eu entendo pessoalmente o fanboyismo em relação a Final Fantasy (afinal eu tambem jogava isso de pijama domingo de manhã quando tinha 8 anos), mas o texto do link mostra que mesmo franquias novas como Uncharted já estão preso nesse grilhão – surgido se mais nada, porque de todas as midias videogames tem o menos maduro mental e emocionalmente de todos.

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  9. Se tem uma coisa que eu odeio é fanboy, porque eles não respeitam a opinião de ninguém!! Só porque eu sou fã da Nintendo(Não sou nintendista, apenas um fã moderado) e quero muito ter um Nintendo Wii para me divertir com a galera, vem um monte de babacas me dizer que o Wii é uma porcaria e que o PS3 e o XBOX 360 têm gráficos melhores(Essa briga sobre qual console e melhor não passa de infantilidade absurda, tenho grande admiração pela Sony e pela Microsoft, mas o meu interesse maior é o Nintendo Wii, se o console é infantil eu não ligo a mínima, vou jogar mesmo assim, oras). Por que eu deveria simplesmente me rebaixar a dar importância para gráficos melhores?! Pra ser idiota como esses fanboys retardados?! Não mesmo, tô fora!! Eu gosto é de diversão, e é esse tipo de conceito que o Nintendo Wii aborda. Fanboy só vê os pontos negativos da concorrência e não dá qualquer bola para ética e quando alguém os retruca, discordando de sua opinião, eles fazem o maior escândalo, veja se pode. As palavras ética, moral e respeito não têm nenhum significado para os fanboys. Um aviso aos fanboys: “Eu compro o console que eu quiser e que me der na telha, podem me xingar, podem dizer o que quiserem, a opinião de vocês nada importa pra mim, seus idiotas anti-éticos!!”.

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    • Verdade, Saulo. Eu entrei nessa geração pelo Wii, não me arrependo e não me desfiz dele até hoje. Inclusive outro dia estava até jogando de novo o game que me fez comprar o console, o Silent Hill: Shattered Memories.

      Mas note que gráficos à parte, o Wii de fato tem muita tranqueira. Hoje é muito barato comprar o Wii, mas os jogos (pelo menos os originais) só baratearam mesmo no exterior. Como quase não existem demos na loja online da Nintendo, tome cuidado e pesquise BEM antes de comprar algo. Isso, é claro, se forem originais. Se forem “alternativos” é outra história – o problema passa a ser *achar* a versão “alternativa”. Outro dia desses até dei meu piratex do House of the Dead: Overkill para um amigo porque ele não achava em lugar algum, e como eu já tinha pego a versão estendida/HD para o PS3, não tinha sentido guardar a antiga.

      Por outro lado, se por algum motivo resolver manter o aparelho bloqueado e comprar originais, talvez valha a pena guardar a grana e comprar logo o Wii U, não? Aí você tem um console que roda tanto os jogos com gráficos HD que seus amigos tanto falam, quanto os jogos de Wii que tu quer jogar… Só vai ficar sem acesso aos jogos de Gamecube.

      Aliás, outra dica: se resolver ficar com o Wii mesmo e for procurar ofertas, note que de 1-2 anos para cá, a versão do Wii sendo vendida é a que NÃO roda jogos de Gamecube mais. Se puder, tente encontrar a que roda, que talvez esteja até mais barata por ser mais antiga. Mal não faz, e ainda dá para achar uns jogos de Gamecube usados no Mercado Livre ou mesmo em algumas lojas (como na rua Santa Ifigênia em São Paulo). Mas está sumindo do mercado, então aproveita!

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