Jogando: Ritmo japonês desconjuntado

Como seria de se esperar após duas colunas recheadas de amor por Tokyo Mirage Sessions #FE Encore, o jogo está aqui de volta de novo, desta vez com as conclusões finais após o fim da campanha. Além disso, finalmente estou à vontade para comentar melhor outro jogo mencionado de passagem na semana anterior, e também vou lamentar um pequeno problema que pode atrapalhar minha apreciação de um clássico do PSP remasterizado para PS4. Ah, e todos os três títulos são japoneses, o que só estende o clima “I think I’m turning japanese” que volta e meia toma conta do blog.

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Melhores de 2013 – DmC: Devil May Cry (PC/PS3/X360)

2013
Best of

Este artigo faz parte da série Melhores de 2013, com os games lançados este ano que este humilde (cof) blog considera que devem ser jogados já. Não vou escolher quem é melhor em categoria A, B ou C… Até porque ainda tem muito jogo para sair. Entenda melhor essa lógica no artigo… Ah, espera um pouco. O ano mal começou ainda. Não tem artigo de explicação nenhum. E nem precisa. 

DmC: Devil May Cry (PC/PS3/X360)
Disponível para PC, PS3 e Xbox 360. Data de lançamento: 15/01. Preço atual: R$ 85 (PC/Steam)

Finalmente saiu o polêmico reboot de Devil May Cry pela Ninja Theory (Heavenly SwordEnslaved). Se você anda acompanhando a reação dos críticos e dos fanboys, já sabe que o jogo foi muito bem recebido (em torno de 85 no Metacritic), mas os fãs inconformados ainda o detestam, agora por outros motivos que não a mudança visual. Eles alegam que o jogo está mais fácil, a história está mais tosca e tem palavrões gratuitos, e que a desenvolvedora se preocupou mais com o visual do que com o combate. E de certa forma, eles estão certos. O que não conseguem enxergar do alto – ou melhor dizendo, das profundezas – de seu fanatismo é que nada disso acontece em detrimento da experiência geral de DmC, tranquilamente o melhor jogo de hack n’ slash que já joguei e, sem dúvida alguma, o jogo com a direção de arte mais insana e criativa já feito. O que falta a eles é olhar além de seu mundinho fanático e entender o porquê do jogo parecer mais fácil, tosco e gratuito.

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Melhores de 2012 – XCOM: Enemy Unknown (PC/PS3/X360)

2012
Best of

Este artigo faz parte da série Melhores de 2012, com os games lançados este ano que este humilde (cof) blog considera que devem ser jogados por quem puder. Não vou escolher quem é melhor em categoria A, B ou C, e sim apenas X jogos de destaque, em ordem cronológica, com seus pontos fortes listados. Entenda melhor essa lógica no artigo Melhores de 2012: Experimentando um novo modelo.

XCOM: Enemy Unknown (PC/PS3/X360)
Disponível para PC, PS3 e Xbox 360. Data de lançamento: 09/10. Preço atual: R$ 75 (PC/Steam)

XCOM: Enemy Unknown talvez seja o jogo mais improvável de toda essa lista, seja em termos pessoais ou de contexto no mundo dos games. Tudo nele parece ser uma impossibilidade. Afinal, XCOM era uma franquia de estratégia em turnos há anos abandonada, associada ao PC e notoriamente complexa, que a Firaxis/2K Games se propõs a reviver com um jogo multiplataforma, acessível aos novatos porém ainda assim difícil, e que funcionasse com controle. Da parte deste blog, só o fato de ser um jogo de estratégia entre os melhores do ano já demonstra que não se trata de pouca coisa. E vejam só: não apenas a desenvolvedora conseguiu tudo o que se propôs a fazer, como chegou a ser agraciada com alguns prêmios de Jogo do Ano. Deixe-me reiterar: Jogo do Ano para um jogo de estratégia em turnos, desafiador, e que funciona com controle. Se alguém te dissesse isso no começo de 2012, você acreditaria?

O que a Firaxis conseguiu com Enemy Unknown foi algo especial. O suporte a controle é facilitado pelo fato do jogo ainda ser em turnos, algo bem mais simples de lidar do que estratégia em tempo real – mas ainda assim boa parte do mérito vai para o design da interface, que ajuda bastante. A acessibilidade aos novatos é garantida em diversas frentes, desde a curva de aprendizado suave na campanha solo até o uso de pequenas cutscenes e animações durante o combate, que poderiam fazer observadores desavisados acharem que Enemy Unknown é um jogo de tiro em 3ª pessoa – afinal, até sistema de cobertura o jogo tem. E o estúdio também acertou em cheio na atmosfera, “pescando” referências clássicas de filmes e livros sobre invasões alienígenas e adicionando toques bastante próprios, como inimigos que assumem a forma de agentes secretos e usam ataques de nuvem de veneno.


Puzzles - Melhores de 2012Pontos altos

‡ Atmosfera   ‡ Criatividade   ‡ Design de Fases   ‡ Dificuldade (Curva, Desafio, Variação)   ‡ Ritmo   ‡ Sistemas (Gerenciamento de Recursos, Combate)


Outra coisa curiosa é que Enemy Unknown é dois jogos em um, mas ambos são tão perfeitamente amarrados que é impossível imaginá-los sozinhos. O “primeiro” jogo é a parte de gerenciamento de recursos e acontece na base da agência transnacional XCOM, onde você decidirá que pesquisas fazer, onde investir recursos, que instalações construir, que equipamento os soldados usam, que habilidades aprendem e onde satélites rastreadores serão implantados. Tudo isso custa dinheiro, e é aí que começa o desafio-mor de Enemy Unknown: seu orçamento é limitado e você precisa gerenciar bem não apenas o dinheiro, como também os soldados (que podem morrer de vez), o equipamento (que pode ser destruído em combate) e até as datas, já que a grana é mensal e tudo tem prazo para ficar pronto. Agora imagine que a agência recebe fundos de vários países (Brasil incluso!) e, caso o pânico se instaure em um deles, o país pode cair fora do projeto XCOM. Acredite: quando ainda estiver pegando as manhas, você vai passar por situações em que três ou quatro países estão no limite do pânico… E você não tem satélites suficientes para monitorar todos, não tem dinheiro para construir mais satélites, ou pior, tem a grana mas não tem tempo para construí-los. E aí será obrigado a escolher um ou dois países para salvar sabendo que os outros vão pular fora – e dê adeus ao dinheiro deles. É simplesmente enlouquecedor, e captura muito bem o espírito de urgência de um planeta se defendendo de uma invasão alienígena.

Não que o “segundo” jogo, as missões estratégicas em si, seja menos tenso. O jogador envia um esquadrão de quatro a seis soldados de elite para resgatar alguém, fazer reconhecimento de uma nave derrubada ou simplesmente repelir uma invasão, e todo cenário é envolto em uma fog of war (“névoa da guerra”) – ou seja, você não tem a menor noção do que irá encontrar. A ideia é mover o esquadrão com calma e atenção para evitar que um deles de repente se depare com um grupo de alienígenas em campo aberto ou com pouca cobertura. Fatores como posicionamento, altura do terreno (ou o topo de alguns edifícios e veículos), habilidades da unidade e linha de visão ajudam a definir a chance, em porcentagem, de um alienígena ou soldado conseguir atingir o adversário – o que na prática significa que tudo pode acontecer. Recarregar o mesmo save pode ter resultados totalmente diferentes, como dizimar todos os alienígenas em três turnos… ou ver seus soldados serem mortos um a um graças a um movimento desesperado errado, em que seu melhor sniper foi flanqueado e os outros ficaram sem apoio. E mesmo nos momentos ocasionais em que seu melhor fuzileiro erra um tiro com 90% de chance de acerto, o jogo sempre passa a sensação de que tudo deu errado por causa do seu descuido como jogador; afinal, errar um tiro fácil é algo que acontece, mas quem mandou não deixar o sniper na rabeira do grupo?

Nesse misto de suspense altíssimo, estratégia tensa e apresentação típica de jogo de ação, Enemy Unknown brilha como algo único, tanto no gênero de estratégia como entre os jogos eletrônicos em geral. Consegue oferecer um desafio visível que não é injusto nem intimidante demais, e a possibilidade de jogar em dificuldades mais altas e/ou no modo Iron Man, em que há apenas autosave (ou seja, nada de carregar save para impedir a morte de um soldado!), oferece ainda mais dor de cabeça para os masoquistas. E assim como outros jogos da Firaxis, em especial a série Civilization, é daqueles jogos que você fica pensando em “só mais um turno” e acaba varando noites. E eu posso jogar com controle. Não tinha como esse jogo não estar nessa lista, né?